Não me deixes. Não me larges no escuro que agora existe á frente dos meus olhos mas á frente deles coloca todo o teu carinho. Não só neles mas também no teu abraço. Nele coloca toda a tua protecção porque só tu me proteges e me pões a sorrir, quando só me apetece fugir para um outro horizonte (um menos doloroso, de preferência). Abraça-me com força, num abraço grande, gigante e não me largues nunca.
Preciso de ti e quando digo isto não digo da boca para fora, não para ficar bem ou para parecer algo carinhoso mas sim porque preciso mesmo. Tu pões me bem. És simples, é verdade mas essa tua maneira de ser e de agir torna-te extremamente especial. Para além disso, a simplicidade torna-te único. Tens tiques e manias, como toda a gente. Para quê arranjar o cabelo quando ele está bom? É um tique. Tocar-me no nariz para eu sorrir? É uma mania. Faz parte de ti, tal como tu fazes de mim. Contigo não há nada no plural porque somos um só. A única pluralidade que existe é a primeira pessoa do plural: NÓS. És carinhoso quando queres mas principalmente quando eu preciso, dizes "estou aqui" e quando o fazes estás mesmo.
Foste o homem que melhor me tratou e és (eu quero que ainda sejas). Tu melhor que ninguém sabes como sou dificil de conquistar, como é complicado fazer com que eu me entregue e me deixe levar, tu conheces-me bem e por isso contigo tornou-se tudo mais fácil. Basta abraçares-me ou sussurrares ao meu ouvido. Basta dares-me a mão ou beijares-me, que tu sabes que me tens de imediato. O teu direito é esse mesmo, teres-me porque eu sou única e exclusivamente tua. As minhas mãos querem tocar-te, o meus braços querem pertencer-te, os meus lábios preencher-te e o meu corpo ter-te. É sequioso, uma vontade constante.
Estou sempre a escrever mas principalmente escrevo para ti. Cartas, textos ou frases curtas... Não importa. É só mais um, eu sei...
Quando era pequena era feliz. Sim muito! Era mimada. Sim, muito mais! Mas tinha-vos comigo.
Tu, pai, eras o homem que melhor me conhecia, que me protegia e que me dava uns bons açoites quando necessário. Sempre fui rebelde. Escondia-me atrás de caixotes de lixo e fingia que me afogava em poças de água do mar, quando ia á praia. Gritava nos cafés porque queria ser atendida e partia o braço a ir contra paredes mas tu estavas lá sempre. Cresci e comigo a rebeldia também cresceu. As faltas nas escola, os erros que cometi e mesmo depois de todas a desilusões? Ainda estavas lá e ainda me ias dar um abraço á noite.
Tu, mãe, sempre foste mais fria, pouco sensivel mas sempre me deste a mão para eu não me perder. Mesmo quando eu te dou cabo do juízo. Tens muita força, embora aches o contrário. Contigo não fui tão presente é verdade mas eu conheço-te bem, ao contrário de tu a mim.
Faz falta mas e onde está? (Agora tudo mudou, não é verdade? Penso que sim...)
Um risco no horizonte. Uma lágrima no canto do olho. Um sorriso escondido e um beijo por dar. Um reflexo na água. Uma mordidela no lábio. Um sobrolho franzindo. Uma estrela cadente. Um batom borrado e um eyeliner mal colocado. Um pedaço de vidro. Um vidro embaciado. Um penalti por marcar e uma torneira a pingar. Um beijo no canto da boca. Uns óculos quebrados. Uma peça de roupa no chão. Um argumento por dar e uma onda do mar. Um amigo para sempre. Uma paixão ardente. Uma estrada sem fim e um beco sem saída. Um filme por acabar. Uma palavra por dizer e uma vida por viver. Um sopro no coração. Uma montanha por subir. Umas escadas em espiral. Um corpo bem definido. Uma tela por pintar e um desenho por colorir. Uma carta por entregar e um voo por voar. Um infinito por conhecer e este texto por escrever.
É verdade que não escrevo nada á muito tempo e que até talvez que o talento já não seja o mesmo mas e depois? O sabor e a sensação não mudaram nada. É o mesmo que um batido de morango, podes por mais ou menos açucar, tornando-o mais doce ou não mas o sabor a morango é a constante que está sempre presente. A escrita será assim também. Os sentimentos mudam, as personalidades crescem mas o sabor não se altera... (penso eu).